Da ereção do amigo ao primeiro beijo

Napoya Telei
2 min readMar 26, 2024

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Posso dizer que foi tardio. Com 15 anos os meus amigos mais próximos já eram até tocados pelas namoradas.

Lembro de um dia em que um deles deitou-se na praia e, enquanto era beijado pela namorada, a amiga esfregava a raquete de frescobol por cima de seu calção, que não conseguia esconder o quanto o pênis estava duro e ereto.

Fiquei excitado olhando aquilo. Meu pênis também ficou duro. Por pouco tempo. Me achava feio. Nunca tinha beijado. E o meu amigo já era acariciado. Tinha inveja. Por que ele tinha duas ao mesmo tempo e eu nenhuma?

Era um show de forró. Se um dos traumas era ainda não ter beijado, não saber dançar era outro problema sério. Mais um entrave pra conseguir uma menina.

Depois de algumas cervejas, a coragem veio. Chamei uma garota pra dançar, pronto pra levar um não. Para a minha surpresa, ela topou.

Entre um passo desordenado e outro, fui colando a minha cabeça na dela. Eis que o tão esperado beijo veio. Eu não fazia ideia de como era aquilo, mas fluiu de uma maneira muito natural.

Era muito gostoso. A lembrança é de que foi um dos melhores, senão o melhor beijo até hoje. Se a dança não ia bem com os pés, o entrelaçar das línguas era perfeito.

Não me recordo quanto tempo durou. A menina era um pouco gordinha. Nunca classifiquei isso como um defeito, apesar de ter receio do que os outros iam falar.

Enquanto dançava e beijava, fiquei de pau duro rapidamente. Engraçado que com 30 e poucos anos continuo exatamente assim. Se encostar um pouquinho, já fico animado.

E depois do beijo? O que fazer? Eu nunca tinha tido qualquer relação com nenhuma menina. Disse que ia buscar uma cerveja. Não peguei telefone, nada. Nunca mais a vi.

Quando cheguei em casa e fui dormir não conseguia tirar aquilo da cabeça. Fiquei lembrando de cada detalhe daquele beijo durante toda a semana. Do entrelace das línguas à passada de mão pelo corpo dela.

Fechava os olhos e repassava cada movimento na mente, mesmo sem querer. Simplesmente acontecia. Foi muito marcante.

Mas quando ia beijar novamente? Como consegui?

O segundo beijo deve ter demorado séculos. Não lembro dele.

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Napoya Telei

Um pouquinho de tudo pra não dizer nada. E assim a leitura alimenta a alma, já que a obrigação de viver no mundo real nos afasta da real realidade.